Gin, os números
Os número chegam-nos de Inglaterra mas têm algum paralelo com a situação nacional. No primeiro semestre do ano (janeiro a Junho) as vendas de Gin tiveram um crescimento quer em quantidade, quer em valor o que comprova ainda a tendência de mercado para a procura de produtos de melhor qualidade e diferenciação, naturalmente mais caros. As vendas a retalho semestrais superaram mesmo o 500 milhões de libras, qualquer coisa como 566 milhões euros.
Em Portugal não existem dados tão concretos mas todos os disponíveis apontam para uma realidade algo semelhante. As vendas de Gin ainda se encontram em trajetória ascendente ainda que a um ritmo menos acelerado que o verificado em Inglaterra ou em terras Lusas há alguns meses atrás.
Não obstante, em qualquer um dos casos o mercado parece ter chegado ao estado de maturação em que as vendas deixam de crescer para todos os players e passam a ser conquistadas entre estes.
William Lowe, professor no Cambridge Distillery faz notar que “está cada vez mais difícil para qualquer marca ter um impacto além do mercado local, levando as pessoas a fazerem esforços extra para se diferenciarem”.
Esta afirmação encontra facilmente espelho em Portugal onde temos assistido ao surgimento de variadíssimas marcas novas que colocam a grande tónica do lançamento numa qualquer especificação diferenciadora, seja pelo método de destilação, pelo uso de um botânico em particular ou outro qualquer fator. Não obstante, e tal como Lowe advoga estas novas marcas têm sentido dificuldades de penetração no mercado estando o seu raio de ação relativamente limitado.
O que à partida poderá parecer um sinal de abrandamento, ou mesmo retração do mercado, pode antes ser uma tendência natural para as pequenas produções, muito centradas no seu local de produção, procura de novos aromas e autenticidade, como defendido por Nick King, um dos especialistas do Wine & Spirit Education Trust.
Ainda segundo este, esta tendência não pode contudo sobrepor-se à natureza deste destilado que tem como fio condutor principal “o aroma predominante a zimbro”, algo que sabemos não se encontrar em muitas das novas referências que chegam ao mercado.
Nick King conclui o seu raciocínio dizendo que o Gin pode na sua essência ser considerado um ramo da vodka cuja particularidade passa pela aromatização com zimbro. Assim, deve ser feita uma distinção entre os Gins que mantêm o zimbro como aroma principal ou inequivocamente presente e os Gins cujo zimbro não é perceptível. No fundo, Nick King defende que todos os Gins que se afastam da matriz essencial devem ser considerados pura e simplesmente, vodkas aromatizadas, sem qualquer cariz pejorativo.